Há uma tela a cair a meio da sala. A cair a meio do instante em que se pousam os relógios para entrar em casa. Atravessar a casa e sair à rua para entrar por dentro dos quartos, na imagem demorada da tela. Haver gente a mais por fora das gavetas, a transportar o ruído para dentro das margens que eu encerro na cama. A tela far-se-ia jangada para que o tecto fosse o rio, e eu acima, ao escrever que de cima do rio flutuo em cima da cidade que arde dentro da tinta. Sair do quarto, cair a tela e ser o chão ao levantar de um tremor definitivo a raiz que sobreveio à chama. A tela arde quando entrar de súbito ou demasiadamente devagar faz da casa um sopro. E não há ninguém ou chegam repentinamente. Abro a porta, e a tela cai, a tela a cair dentro do ruído e na imagem, o ruído a fazer de morada. Demorada.
quarta-feira, novembro 22, 2006
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8 comentários:
Obrigado, Nuno.
b
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o ruído como destino.
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Penso que o Magritte faria destas palavras uma tela.
qual destino: corpo?
talvez este, Helena, la condition humaine
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o ruído.
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pois eu também acho que sim, que tu própria deves essa aproximação aos trabalhos de cor. Cá os espero, como sempre. um beijo
não sei do destino, mas posso falar-te do ruído. posso falar-te das moradas do ruído ou de ruínas. e das telas e em como caem exactamente telas: corpo.
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