quinta-feira, dezembro 21, 2006

[a B.]

30

Já a luz se apagou do chão do mundo,
deixei de ser mortal a noite inteira;
ofensa grave a minha, que tentei
misturar-me aos duendes na floresta.
De máscara perfeita, e corpo ausente,
a todos enganei, e ninguém nunca
saberia que ainda permaneço
deste lado do tempo onde sou gente.
Não fora o gesto humano de querer-te
como quem, tendo sede, vê na água
o reflexo da mão que a oferece,
seria folha de árvore ou sério gnomo
absorto no silêncio de uma rima
onde a morte cessasse para sempre.

[António Franco Alexandre]

4 comentários:

Insignificante disse...

"se me prendo ao teu rumor ausente
não é que me consuma numa imagem
ou deseje real o imaginado;
é por outro real em ti presente"

António Franco Alexandre (tb de "Duende")


(Um bom natal, [n])

Anónimo disse...

eu vejo que permaneces.
um beijo.

Anónimo disse...

Para si tb, Nuno.

eu sou disse...

Bons dias, todos os dias em 2007 e seguintes.