segunda-feira, outubro 09, 2006

[…]

depois
um rapaz apareceu a uma esquina e reconhecia-te
uma voz gravada na memória acompanhava-nos
quando nos dirigimos um para o outro
em câmara lenta

ouvíamo-la sussurrar: procuro-te
no interior das penumbras no esquecido sal
das casas abandonadas à beira-mar
procuro-te no perfume excessivo do mel
armazenado pelas abelhas no entardecer das pálpebras

[…]

veio-me do fundo da idade o momento em que nos conhecemos

[…]

não tinha sentido pensar em ti e não sair a correr pela rua
procurar-te imediatamente
correr a cidade duma ponta a outra
só para te dizer boa noite ou talvez tocar-te
[...] e ter a certeza de que serias tu depois a procurar-me…


[Al Berto]

2 comentários:

pimpinelle disse...

precisamente assim.

nuno disse...

demasiadamente preciso. não poderia ter sido dito de outra forma. demasiadamente pontual. não poderia ter sido dito em outra altura. é isto.