Encontramo-nos sempre no mesmo acaso.
Numa espécie de lugar.
E quando os olhos se cruzam num desafio e procuram a palavra? Que posso dizer-te? E tu, que vens de mãos no abandono e que me podes dizer tudo,
E quando os olhos se cruzam num desafio e procuram a palavra? Que posso dizer-te? E tu, que vens de mãos no abandono e que me podes dizer tudo,
nada dizes?
[Conheces algum silêncio mais alto que esta casa?]
[Ontem parei à tua porta e trazia-te flores]
É por isso que te escrevo, para que possas acontecer neste espaço em que não te reconheço. Para que seja possível veres que não existo. Sim, que não existo.
[Não sei, mas nunca chegaste a viver aqui. Eu nunca te trouxe flores.]
[Conheces algum silêncio mais alto que esta casa?]
[Ontem parei à tua porta e trazia-te flores]
É por isso que te escrevo, para que possas acontecer neste espaço em que não te reconheço. Para que seja possível veres que não existo. Sim, que não existo.
[Não sei, mas nunca chegaste a viver aqui. Eu nunca te trouxe flores.]
8 comentários:
A história da minha vida não existe. Isso não existe. Nunca há um centro. Não há caminho, nem linha. Há vastos lugares onde se faz crer que havia alguém, não é verdade, não havia ninguém.
M.Duras para ti.
um silêncio mais alto que esta casa? é lindíssimo.
um beijo
O Tempo estava parado...foi isso.
Estávamos num outro Tempo, que eu não conheço. Uma falha neste espaço onde nos encontramos.
Um momento. Um acaso.
"Não não, foi bem real."
ela disse , marta, está tudo lá.
não será tudo um momento? não é o real um acaso?
Há acasos que não parecem reais.
Transportam-nos para Tempos que não existem, nem têm espaço nem força para existirem. Se calhar nunca existiram. Foi tudo um Sonho.
Sentidos contidos.
mas sentidos sentidos,
sentidos despertos.
vivos vivos.
Foi tudo. Há tanto tempo que não tinha tudo. E tudo num momento.
pablo neruda perguntou: pensando, enterrando lãmpadas nesta profunda solidão. Mas quem és tu, quem és?..."
Ando à procura de mim, às escuras e cheia de medo, claro.
Escreves tão bem, sabe bem ler o que escreves.
Agora já não consigo olhar
olhar para ti
tenho medo
dos teus olhos, perco-me, tenho tanto medo, tremo, verdade.
Agora já não tenho palavras e isso é avassalador.
Às vezes penso:
vais aproximar-te de mim e eu não te vou ver
mas vou sentir, vou sentir e isso eu sei.
depois, com as tuas mãos, vais tocar o meu cabelo e afastá-lo devagar, lento, com as tuas mãos
e vais tocar-me com os teus lábios e eu vou esquecer tudo...nesse momento.
não olho para trás, eu sei que és tu, sinto. É assustador.
Assim como agora. "Não tenho adjectivos para ti, tu és...."
vai ser sempre assim, num Momento parado.
eu sei.
E eu não percebo.
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