Haveria um grande espaço para percorrer [n. enlaça a velocidade do impossível enquanto olha a mão direita tremer na curvatura da carta], uma grande viagem entre pedaços de percursos a fazer de coração, a uni-los entre as mãos para fazer as margens [n. tem um rio que sai da boca em função dos barcos que se afundam] e casas, mil casas nas pessoas que o habitariam e acenderiam as portas de repente para sair dos espelhos. [n. pensa que entre as molduras e as fotografias nas molduras perdeu-se o espaço para as lágrimas]. Haveria todo esse espaço e uma calçada a fazer de eléctrico para se chegar devagar ou então uma velha descalça no chão que nunca conheceria da angústia [n. diz que não conheceu os avós do seu medo e que seria pai de si mesmo para o reconhecimento do futuro]. Haveria uma mesa no deslumbramento de mães e pais, em cima da criança que não era, para que se amparassem os candelabros em torno dos braços e se dissesse alguma coisa verdadeiramente luminosa [n. ainda guarda o rascunho de vergonhas cosidas a uma infância sem talento].
Esse espaço teria um banco em cima do chão, uma janela por debaixo da chuva e um homem. [n. tem uma cicatriz em redor da cicatriz que em redor da ferida que em redor...]
Esse espaço teria um banco em cima do chão, uma janela por debaixo da chuva e um homem. [n. tem uma cicatriz em redor da cicatriz que em redor da ferida que em redor...]
14 comentários:
*suspiro* lindo. lindo! LINDO!
voltas e voltas, como a cicatriz que está em redor da cicatriz que está em redor da ferida...
o eléctrico encravou-se, aparentemente, e toda a gente se sentiu cair a uma velocidade luminosa, para depois acordar noutra calçada, começar outras vltas...
bom fim-de-semana-sol e obrigada! :)
voltas
voltas e voltas, que a cicatriz entardeceu no meu retrato. obrigado...
uma crosta amanheceu na lua, minguante...
dias antes da cicatriz se poder instalar.
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n. ainda acredita que o lugar do homem é uma linha traçada entre o silêncio e o desespero?
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n. acredita sempre nas linhas traçadas e enroladas em torno das palavras, para que o desespero se desenrole da boca em direcção ao silêncio. só não acredita em lugares.
Quando há palavras não vale a pena o silêncio. Só o silêncio das palavras para nos inquietar. Só a inquietação das imagens das palavras para nos manter acordados. Só a luz de cada raiar para nos fazer parir novas e outras palavras. Bem hajam as palavras e quem as grita, sussurra e oferece!
Gostei muito, muito. és bom. a escrever e não só.
b
não só? glup!
muito bonito este texto. obrigada. (conheces o eduardo bazkizin?, éum escritor brasileiro e este texto lembrou-me um dele)
não conheço teresa, mas fico com a referência...
tem um link com o nome dele no meu blog! beijinho
descobri! mas vale a pena ver tudo!
http://coisasdagaveta.blogspot.com/2006_04_01_coisasdagaveta_archive.html
acho que vais ter uma surpresa! (e agora lembrei-me que agora estou a ler o homem duplicado do josé saramago)
sim, descobri-o no teu blog. e talvez sim, talvez seja uma voz que se encarregue dos mesmos efeitos surpresa de um silêncio em comum. e as tuas fotos ficam perfeitas nesse encaixe e nas palavras. são outro código que as reinterpreta. são fabulosas. outro beijo
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