domingo, setembro 10, 2006

Não penses que assim existes.
Atenta à tua volta no que outros te esquecem.
O que se esquecem nos navios embriagados de fumo não é a âncora destas tardes, são as tuas cinzas. O que pousa nos teus cigarros são os pássaros que as palavras adormecem nos ninhos de outras vidas.
Esta sala estava cheia, viste? Tristezas de Agosto por cima dos óculos, gestos nervosos em sorrisos de balcão, dívidas com a vida em listas de espera. A três mesas do teu silêncio, o rumor das páginas dentro das vértebras do mundo. O quotidiano impresso em boletins de última hora, informação exclusiva a papel químico. A dor custa apenas 60 cêntimos, mas pode variar consoante a qualidade do papel.

Esta sala estava cheia, viste? Mas não penses que assim existes. Se te demoras mais um pouco para que nas tuas costas se endireitem as carruagens de um desastre, posso dizer-te?

A sala está vazia.

1 comentário:

hfm disse...

mas não vazia de palavras.