terça-feira, fevereiro 21, 2006

Eu corro pela noite,
de linhas abertas ao espaço que dos parágrafos
sussura a história de um desastre,
reescrevendo transvertido o movimento das marés,
para que se afoguem, ao flutuar
de um fragmento de luz, os dedos, eu
corro pela noite sem entender a lapidação do meu silêncio
em redor dos gomos que se amarguram
na noctívaga acumulação das frutas,
na resplandecência animal das sombras,
na sede dos estuários, eu corro
pela boca da noite ao respirar dos seios outra voz,
para que de novo ressuscite o sangue coagulado
que atravessa dos olhos a imagem,
mortas as tuas mães ardendo etéreas por detrás
do tempo, movendo um compasso
que te concebe, eu corro pela noite,
toda a noite, à noite inteiramente,
sem acordar.

1 comentário:

Miss Marble disse...

a acordar. inteiramente. não duvides.