quinta-feira, fevereiro 22, 2007
sábado, fevereiro 10, 2007
terça-feira, fevereiro 06, 2007
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
.
Tudo parece ter outra vez começado. Quando
- a cabeça encostada à morte que a perder de vista
crescia - este homem estancado reconheceu o seu nome
pelo vento desenhado com os gravetos pobres
naquela que julgara ser a última parede do labirinto:
Já ali estivera. Ouvia outra vez a linguagem:
a montanha; desde sempre a linguagem - e era um mar
nascendo no visível do outro lado: o som do verde.
Recomeçou: retrocedendo, internou-se outra vez
no poema [...]
[manuel gusmão]
por nuno . 9:20 da tarde 0 portões
segunda-feira, janeiro 22, 2007
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[foto de cindy sherman]
por nuno . 7:26 da tarde 9 portões
terça-feira, janeiro 16, 2007
.:
[...]
Representa uma barreira de luz independente -
a pessoa: ilha emigrada, trabalho explosivo e negro.
Então o clima pensa, os centros saem, o lugar dificulta-se
com água.
[...]
[...]
Representa uma fotografia que se insurge: violenta,
branca.
[herberto helder]
por nuno . 2:14 da manhã 2 portões
quinta-feira, janeiro 11, 2007
por nuno . 2:29 da manhã 13 portões
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Por trás da casa, atrás de nós, o húmido marulho
de pássaros frágeis que destecem a sombra.
A teu lado, o corpo de quem te convida
à manhã do mundo.
[Manuel Gusmão; Foto Francesca Woodman]
por nuno . 8:14 da tarde 1 portões
quinta-feira, janeiro 04, 2007
por nuno . 5:47 da tarde 5 portões
quinta-feira, dezembro 21, 2006
30
Já a luz se apagou do chão do mundo,
deixei de ser mortal a noite inteira;
ofensa grave a minha, que tentei
misturar-me aos duendes na floresta.
De máscara perfeita, e corpo ausente,
a todos enganei, e ninguém nunca
saberia que ainda permaneço
deste lado do tempo onde sou gente.
Não fora o gesto humano de querer-te
como quem, tendo sede, vê na água
o reflexo da mão que a oferece,
seria folha de árvore ou sério gnomo
absorto no silêncio de uma rima
onde a morte cessasse para sempre.
[António Franco Alexandre]
por nuno . 6:29 da tarde 4 portões
terça-feira, dezembro 19, 2006
Herberto Helder
(a carta da paixão)
Esta mão que escreve a ardente melancolia
da idade
é a mesma que se move entre as nascenças da cabeça,
que à imagem do mundo aberta de têmpora
a têmpora
ateia a sumptuosidade do coração. A demência lavra
a sua queimadura desde os seus recessos negros
onde
se formam as estações até ao cimo,
nas sedas que se escoam com a largura
fluvial
da luz e a espuma, ou da noite e as nebulosas
e o silêncio todo branco.
Os dedos.
A montanha desloca-se sobre o coração que se alumia: a língua
alumia-se: O mel escurece dentro da veia
jugular talhando
a garganta. Nesta mão que escreve afunda-se
a lua, e de alto a baixo, em tuas grutas
obscuras, essa lua
tece as ramas de um sangue mais salgado
e profundo. E o marfim amadurece na terra
como uma constelação. O dia leva-o, a noite
traz para junto da cabeça: essa raiz de osso
vivo. A idade que escrevo
escreve-se
num braço fincado em ti, uma veia
dentro
da tua árvore. Ou um filão ardido de ponto a ponta
da figura cavada
no espelho. Ou ainda a fenda
na fronte por onde começa a estrela animal.
Queima-te a espaços
a desarrumação das imagens. E trabalha em ti
o suspiro do sangue curvo, um alimento
violento cheio
da luz entrançada na terra. As mãos carregam a força
desde a raiz dos braços a força
manobra os dedos ao escrever da idade, uma labareda
fechada, a límpida
ferida que me atravessa desde essa tua leveza
sombria como uma dança até
ao poder com que te toco. A mudança. Nenhuma
estação é lenta quando te acrescentas na desordem, nenhum
astro
é tão feroz agarrando toda a cama. Os poros
do teu vestido.
As palavras que escrevo correndo
entre a limalha. A tua boca como um buraco luminoso,
arterial.
E o grande lugar anatómico em que pulsas como um lençol lavrado.
A paixão é voraz, o silêncio
alimenta-se
fixamente de mel envenenado. E eu escrevo-te
toda
no cometa que te envolve as ancas como um beijo.
Os dias côncavos, os quartos alagados, as noites que crescem
nos quartos.
É de ouro a paisagem que nasce: eu torço-a
entre os braços. E há roupas vivas, o imóvel
relâmpago das frutas. O incêndio atrás das noites corta
pelo meio
o abraço da nossa morte. Os fulcros das caras
um pouco loucas
engolfadas, entre as mãos sumptuosas.
A doçura mata.
A luz salta às golfadas.
A terra é alta.
Tu és o nó de sangue que me sufoca.
Dormes na minha insónia como o aroma entre os tendões
da madeira fria. És uma faca cravada na minha
vida secreta. E como estrelas
duplas
consanguíneas, luzimos de um para o outro
nas trevas.
por nuno . 6:41 da tarde 4 portões
segunda-feira, dezembro 04, 2006
era uma história.
era uma cidade.
eles eram a noite embargada em sono
para ser urgente
sem que a vida se encolhesse nas pálpebras
para que se olhassem.
na verdade,
eles
preferiam a invisibilidade da música.
era o roubo da noite para que a assinatura dos rostos
fosse irreconhecível,
sem vestígios.
falsificavam tratados de amor.
eram clandestinamente românticos.
era um sítio.
uma película dentro do sítio.
era a distância levada à boca
cada vez mais e em pouco tempo
para falar de um silêncio indefinido .
espiava-os o grito por dentro das lâminas
deixadas em aberto,
à beira das mesas, como frases soltas.
havia cortes implacavelmente incertos na palma das coisas e
eles olhavam para fora das mãos os gestos em sangue.
era uma história entre becos.
era uma cidade entre palavras.
eram eles.
éramos nós.
por nuno . 1:05 da tarde 9 portões
sexta-feira, dezembro 01, 2006
estou de janelas viradas para a conclusão
de uma qualquer eternidade.
quero a outra cinematografia: por fora dos ecrãs
- para dentro dos abraços -
encontro o rio.
no avesso do rio, a luz mais etílica.
+
falta-nos água para crescer
para dentro das margens, abro-te
como se abrisse uma fronteira
entre os corpos possíveis de um acidente
morremos de tantos rios,
morremos de tantos nós
+
um corpo a flutuar
para escrever: postal
+
Habeas corpus
por nuno . 10:56 da tarde 8 portões
por nuno . 10:49 da tarde 0 portões
segunda-feira, novembro 27, 2006
por nuno . 5:36 da tarde 13 portões
domingo, novembro 26, 2006
you are welcome to elsinore
Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsinore
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar
[Mário Cesariny]
1923-2006
por nuno . 1:09 da tarde 6 portões
quarta-feira, novembro 22, 2006
por nuno . 10:58 da tarde 8 portões
SAIU PARA A RUA
EMBRENHOU-SE NA ESPESSURA DA NOITE
AMOU E TRAIU
SEDUZIU E DEIXOU-SE SEDUZIR
MORREU UM POUCO TODAS AS MANHÃS
E NUNCA MAIS REGRESSOU
AO QUE TINHA SIDO
[Al Berto]
por nuno . 3:44 da tarde 3 portões
sexta-feira, novembro 17, 2006
Esse espaço teria um banco em cima do chão, uma janela por debaixo da chuva e um homem. [n. tem uma cicatriz em redor da cicatriz que em redor da ferida que em redor...]
por nuno . 11:43 da tarde 14 portões
terça-feira, novembro 14, 2006
segunda-feira, novembro 06, 2006
Trazes a devolução do corpo em troca da vida. Pouco importa que na morte se habite tanto. Aqui há escadas e o soro tranquilizante da noite. O anonimato é a única dor possível. Pouco importa que ninguém te chame. Afinal, o sémen desce pelas mãos e procura uma flor e que essa flor esteja morta, pouco importa. Aqui não há portas nem janelas, a identidade é um jogo de impunidades. O corpo é lançado nas ardósias do sono e pouco importa o sangue na boca e o suor na importância das coisas, porque aqui, afinal, é na morte que se habita tanto.
por nuno . 12:34 da manhã 9 portões
sexta-feira, novembro 03, 2006
o coração travado perto da boca:
a teia traz da fome um coração aracnídeo.
enche-se de berços para que se inocente do teu parto,
o coração usa um dedo na ferida para que grites.
o coração cala-se para que nada mais se escreva.
por nuno . 12:08 da manhã 10 portões
domingo, outubro 29, 2006
And seen behind those eyes,
How can I, Carry on.
]portishead[
por nuno . 5:03 da tarde 7 portões
quarta-feira, outubro 18, 2006
Sede e procuro a água mais salgada onde
a sede seja maior, eu que acordo tanto
de tanto estar por fora do mar das coisas,
dentro no barco dos olhos que vêem
de longe os corpos tão próximos,
as mãos tão unidas em nós desatados,
que agarram os livros e as costuras dos
livros
para os arderem de novo no fundo da casa.
O fogo
[e a sede que o fogo amamenta
na insónia da água salgada]
torna-se doce quando a chuva cresce
por dentro das casas.
É ver-me ateando a madeira quando faz o teu
frio
e soprar a manhã para dentro do corpo fazendo mais
lume.
Quando a chuva cresce por dentro das casas
a sede, mais sede que vem por arder, é chão,
e os passos caem da boca como se o sal
também crescesse
e o chão também falasse
e nada do que eu digo,
da minha boca como chão,
do sal como sede,
dos passos como casas,
nada onde acorde tanto de estar tão pouco por dentro das coisas,
nada tem tanto o teu frio.
por nuno . 6:39 da tarde 15 portões
segunda-feira, outubro 09, 2006
depois
um rapaz apareceu a uma esquina e reconhecia-te
uma voz gravada na memória acompanhava-nos
quando nos dirigimos um para o outro
em câmara lenta
ouvíamo-la sussurrar: procuro-te
no interior das penumbras no esquecido sal
das casas abandonadas à beira-mar
procuro-te no perfume excessivo do mel
armazenado pelas abelhas no entardecer das pálpebras
[…]
veio-me do fundo da idade o momento em que nos conhecemos
[…]
não tinha sentido pensar em ti e não sair a correr pela rua
procurar-te imediatamente
correr a cidade duma ponta a outra
só para te dizer boa noite ou talvez tocar-te
[...] e ter a certeza de que serias tu depois a procurar-me…
[Al Berto]
por nuno . 1:09 da manhã 2 portões
quinta-feira, setembro 21, 2006
Os
a
r
r
e
p
i
o
s
acham dentro de mim sempre o frio a postos.
O meu
v
a
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i
o
é um grande esmagador, grande aniquilador.
o meu vazio é algodão e
s
i
l
ê
n
c
i
o
[henri michaux]
por nuno . 1:05 da manhã 0 portões
sábado, setembro 16, 2006
domingo, setembro 10, 2006
Esta sala estava cheia, viste? Mas não penses que assim existes. Se te demoras mais um pouco para que nas tuas costas se endireitem as carruagens de um desastre, posso dizer-te?
A sala está vazia.
por nuno . 9:42 da tarde 1 portões
sexta-feira, setembro 01, 2006
[...] nada do que existe para ser sentido neste mundo iguala
o poder da tua extrema fragilidade [...]
e.e. cummings
[annette fournet]
por nuno . 11:22 da tarde 3 portões
quinta-feira, agosto 24, 2006
Como não quis ver-te partir estarei aqui no dia de chegada.
por nuno . 2:39 da tarde 2 portões
quarta-feira, agosto 23, 2006
E quando os olhos se cruzam num desafio e procuram a palavra? Que posso dizer-te? E tu, que vens de mãos no abandono e que me podes dizer tudo,
[Conheces algum silêncio mais alto que esta casa?]
[Ontem parei à tua porta e trazia-te flores]
É por isso que te escrevo, para que possas acontecer neste espaço em que não te reconheço. Para que seja possível veres que não existo. Sim, que não existo.
[Não sei, mas nunca chegaste a viver aqui. Eu nunca te trouxe flores.]
por nuno . 3:50 da manhã 8 portões
domingo, agosto 20, 2006
Não quero nada, deixem-me ficar assim um bocadinho que já
volto […] e num minuto ou dois levanto-me, torno a ser o que vocês conhecem e pronto, esqueçam-se, fico divertido outra vez, boa companhia, simpático mas não me peçam explicações, não perguntem o que foi, finjam que não notaram, entrou tudo nos eixos, palavra, sinto-me óptimo, como novo, capaz de cambalhotas, pinos, gracinhas, há alturas em que consigo ser divertido não é, a alma da casa, a alegria da família, a animação em pessoa mas por agora não quero nada, deixem ficar um bocadinho que já vou, não me espiem, não me observem, não se inquietem, façam de conta que não estou cá e não estou mesmo, a cabeça anda-me desconheço por onde, num lugar onde nunca fui e que parece uma praia dado que vejo andar, penedos, uns pássaros quaisquer, uma criança à beira-mar, sozinha […]
António Lobo Antunes
por nuno . 6:49 da tarde 4 portões
quinta-feira, agosto 17, 2006
o meu amor é uma navalha entre os dentes e
desse gume faço a absoluta certeza dos desastres.
se agora espero, espero por mim.
josé agostinho baptista
por nuno . 8:45 da tarde 1 portões
quarta-feira, agosto 16, 2006
domingo, agosto 06, 2006
a nossa violência era tão sólida,
perto do coração,
repetíamo-nos nas mãos,
os braços esquartejavam o silêncio
e arremessávamos as sombras até que todo
o sangue fosse uniforme
e a dor só uma...
o nosso amor matava,
era uma ferida na roupa
e mentíamos com frio,
recuávamos no terror que nos trazia próximos,
a luz era cega
e fazíamos um cásulo de noites cada vez mais tristes.
a intimidade do nosso colo era cada vez mais frágil.
a nossa violência era um acto de repúdio
por sermos tão possíveis.
por não acontecermos.
por nuno . 6:16 da manhã 5 portões
sexta-feira, agosto 04, 2006
Aunque mi vida esté de sombras llena
No necesito amar, no necesito
Yo comprendo que amar es una pena
Y que una pena de amor es infinita
Y no necesito amar - tengo vergüenza
De volver a querer lo que he querido
Toda repetición es una ofensa
Y toda supreción es un olvido
Desdeñosa, semejante a los dioses
Yo seguiré luchando por mi suerte
Sin escuchar las espantadas voces
De los envenenados por la muerte
Lhasa, Desdeñosa
por nuno . 3:56 da tarde 0 portões
terça-feira, agosto 01, 2006
O REGRESSO
Tinha sido preciso aquela longa viagem
para entender que a realidade é mais do que o sonho,
mesmo bem mais do que o sonho.
Milan Kundera em A Insustentável Leveza do Ser
por nuno . 1:22 da manhã 1 portões
sexta-feira, julho 21, 2006
sexta-feira, julho 07, 2006
Desse teu lado,
era outra a caligrafia encriptada dos dias sendo reescrita pelo mistério do teu azul.
por nuno . 2:35 da manhã 0 portões
quinta-feira, julho 06, 2006
Vou falar do tempo:
deste lado, é de domingos que se demora a invenção de outra semana.
por Anónimo . 5:01 da manhã 2 portões
segunda-feira, junho 26, 2006
T R Í P T I C O D O E S Q U E CI M E N T O
III
A minha figura é esquerdina.
Situa-se na tua mão, por dentro do nervo que se tornou prosa,
pela erosão de um verso que se antagoniza com o seres secreto.
por nuno . 4:21 da tarde 0 portões
sexta-feira, maio 26, 2006
"[...] ao mesmo tempo que já não te amo não amo mais nada, nada, só a ti, ainda [...]
[...] já não sei onde estamos, em que fim de que amor, em que recomeço de outro amor, em que história nos perdemos [...]
[...] é através desta ausência do teu sentimento que reencontro a tua qualidade, essa, precisamente, de me agradares. Penso que apenas me interessa que a vida não te deixe, outra coisa não, o desenvolvimento da tua vida deixa-me indiferente, não pode ensinar-me nada sobre ti, só pode tornar-me a morte mais próxima, mais admissível, sim, desejável. É assim que permaneces face a mim, na doçura, numa provocação constante, inocente, impenetrável.
E tu não sabes. "
FIM
Marguerite Duras, O Homem Atlântico
por nuno . 9:47 da tarde 0 portões
sábado, maio 20, 2006
sei bem que não mereço um dia
entrar no céu
mas nem por isso escrevo a minha casa
sobre a terra.
Daniel Faria
Foto Kamil Vojnar
por nuno . 11:30 da tarde 0 portões
segunda-feira, maio 15, 2006
I lost myself on a cool damp night
Gave myself in that misty light
Was hypnotized by a strange delight
Under a lilac tree
I made wine from the lilac tree
Put my heart in its recipe
It makes me see what I want to see...
And be what I want to be
When I think more than I want to think
Do things I never should do
I drink much more that I ought to drink
Because it brings me back you...
Lilac wine is sweet and heady, like my love
Lilac wine, I feel unsteady, like my love
Listen to me... I cannot see clearly
Isn't that she coming to me nearly here?
Lilac wine is sweet and heady where's my love?
Lilac wine, I feel unsteady, where's my love?
Listen to me, why is everything so hazy?
Isn't that she, or am I just going crazy, dear?
Lilac Wine, I feel unready for my love...
por nuno . 1:48 da manhã 1 portões
segunda-feira, maio 08, 2006
terça-feira, maio 02, 2006
.
Poderia ter escrito a tremer de respirares tão longe
por nuno . 5:39 da manhã 0 portões
quarta-feira, abril 26, 2006
(acordas...imensa, a vertigem lancetada da manhã...)
tremes, íntima,
à vergonha da nudez,
aflita à penetração antiquíssima do tempo
e delicadamente alta...
funda e fulgurantemente
pictórica,
ergues-te, simétrica,
ao deslumbramento das
prossegues,
volátil como a seda de um Outono
pela profusão das longas teias dos teus seios...
e enredas-te,
hasteada à luminosidade dos mitos,
pela imaginação das cores...
(acorda... e, subitamente, saberás ainda que dormes profundamente esquecida...)
.
por nuno . 9:24 da tarde 0 portões
terça-feira, abril 25, 2006
Milan Kundera (A Insustentável Leveza do Ser)
por nuno . 10:27 da tarde 3 portões
sábado, abril 15, 2006
Celos
pudo el amor ser distinto
redes
trampa mortal en mi camino
y en un café , un café de ciudad
me contaste otra vez tu destino
Celos
celos en suelo argentino
fiebrey mi ilusión que se deshizo
mientras te burlas de mí en tu canción
no me puedo librar del hechizo
Nubes
nubes de sal y de hastío
dudas
pago por ver lo que he perdido
la capital te atrapó, te embriagó
en el triste ritual del olvido.
Mmm
pudo el amor ser distinto
mmm
crudo final discepoliano
y en un café,
un café de verdad
cayó el último acorde del piano
GOTAN PROJECT
CELOS
por nuno . 5:25 da manhã 0 portões
sexta-feira, abril 14, 2006
...como se de mim para ti ainda a intangível matéria dos labirintos criasse caminhos de uma permanência suprema, de onde nunca saio…
...a profunda insensatez do eterno retorno…E regressamos sempre,
Inevitavelmente sempre,
Às primeiras linhas das histórias de amor,
Simplesmente,
Porque não existem finais felizes…
por nuno . 12:25 da manhã 0 portões
domingo, abril 02, 2006
ASSINOU-SE A NOSSA ÚLTIMA FOLHA,
Henri Michaux
por nuno . 1:07 da manhã 0 portões
sexta-feira, março 24, 2006
sexta-feira, março 17, 2006
Federico García Lorca
Pelos vidros partidos da casa
o sangue desatou os seus cabelos.
Tu e eu ficamos.
Prepara o teu esqueleto para o ar.
Eu só e tu ficamos.
Prepara o teu esqueleto.
Há que buscar depressa, amor, depressa,
nosso perfil sem sono.
por nuno . 10:10 da tarde 0 portões
quarta-feira, março 15, 2006
sexta-feira, março 10, 2006
- o paraíso sabe-se que chega a lisboa na fragata do alfeite. basta pôr uma lua nervosa no cimo do mastro, e mandar arrear o velame.
é isto que é preciso dizer: daqui ninguém sai sem cadastro.
AL BERTO
por nuno . 1:04 da tarde 1 portões
domingo, fevereiro 26, 2006
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
Composição de Lugar
RUY BELO
[...] Pétala a pétala chego à corola desta minha hora
Roubo o meu ser a qualquer outro tempo
não há em mim memória de alguma morte
em nenhum outro lugar me edifiquei
Arredondas à minha volta os lábios para me dizer
recuo de repente àquele princípio que em tua boca tive
EU SEI QUE SÓ TU SABES O MEU NOME
TENTAR SABÊ-LO FOI AFINAL O ÚNICO
ESFORÇO IMPORTANTE DA MINHA VIDA
Sinto-me olhado e não tenho mais ser
que ser visto por ti. Há no meu ombro lugar
para o teu cansaço e a minha altura é para ser medida
palmo a palmo pela tua mão ferida.
por nuno . 1:49 da tarde 1 portões
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
Hoje a obsessão foi mais forte. Escrever-te. A nossa história que contei parecia-me intocável. Princípio e fim de nós nela, a tua morte selara-a para sempre. E todavia é nessa eternidade que a tua memória me perturba e a imagem terna do teu encantamento. (...)Escrever-te. Possivelmente irei fazê-lo mais vezes até ver se no escrever se me esgota a tua fascinação. (...) Porque tu nunca foste real para eu te poder amar. E é essa irrealidade amada que estremece na minha comoção e no êxtase leve de te imaginar. (...) Na realidade nunca te esqueço no dia a dia que te esquece. Mas ficas um pouco ao lado, à espera de que eu volte de novo a olhar-te. É uma imagem fluida e intensa, essa que se me ergue sempre, e eu penso que possivelmente é a de quando te vi pela primeira vez. Mesmo que não fosse a primeira e que estivesse então distraído do meu amor que passava em ti. (...) Às vezes eu pensava que tu não fazias ideia do incrível e maravilhoso de ti. Estavas dentro e o teu esplendor estava fora. Nesta casa deserta, como é bom estares aqui comigo. E falar-te. E escrever-te. E ver-te. VOLTAREI AINDA A AMAR-TE? VOLTARÁ O IMPOSSÍVEL DE TI QUANDO EU O EVOCAR? Escrever-te. E dizer-te tudo o que nunca deixaste que te dissesse (...) E é estranho como uma vida inteira se me resume a uma palavra. (...) E agora que tudo findou, penso que a perfeição do teu destino no meu seria ouvir-te ainda uma vez, de passagem, também te amo. Uma vez mais. Ainda. Assim eu escrevo para te demorares um pouco. Talvez voltes a dizer-mo. E eu a ti. (...)E eu suspendo a obsessão de te dizer todo o maravilhoso de ti, antes de te imaginar a breve ruga na face e ouvir-te dizer que tolice. Não digas. Se te sentasses aqui à braseira. E se te demorasses comigo um pouco e olhássemos em silêncio a grande noite que desce. Em silêncio. Não te dizer mais nada. E tomar-te apenas a tua mão franzina na minha. E sorrires.
por nuno . 1:25 da tarde 0 portões
Há o perigo de um grito lindíssimo
quando andas assim comigo no invisível
por nuno . 1:08 da tarde 2 portões
terça-feira, fevereiro 21, 2006
Eu corro pela noite,
de linhas abertas ao espaço que dos parágrafos
sussura a história de um desastre,
reescrevendo transvertido o movimento das marés,
para que se afoguem, ao flutuar
de um fragmento de luz, os dedos, eu
corro pela noite sem entender a lapidação do meu silêncio
em redor dos gomos que se amarguram
na noctívaga acumulação das frutas,
na resplandecência animal das sombras,
na sede dos estuários, eu corro
pela boca da noite ao respirar dos seios outra voz,
para que de novo ressuscite o sangue coagulado
que atravessa dos olhos a imagem,
mortas as tuas mães ardendo etéreas por detrás
do tempo, movendo um compasso
que te concebe, eu corro pela noite,
toda a noite, à noite inteiramente,
sem acordar.
por nuno . 12:50 da manhã 1 portões
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
Há qualquer cidade possível no entardecer da loucura.
Desarrumo o equilíbrio dos passos na quase queda do teu pássaro tardiamente aflito e o dia desalinha-se na toponímia de um coágulo...
por nuno . 12:14 da manhã 1 portões
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
por nuno . 8:31 da tarde 0 portões
sábado, fevereiro 04, 2006
ANTONY AND THE JOHNSONS
(Lyrics by David Lynch, Music by Angelo Badalamenti)
por nuno . 10:03 da tarde 0 portões
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
Bem te procuro encontrar no fundo do meu ser. Rebusco-te. Às vezes, nos momentos trágicos, já não é contigo que eu deparo - é com outro ser que assiste sempre, como um espectador, a todos os meus exageros. Deitavas-te comigo, levantavas-te comigo, ferrado como um punhal - e não existias. Neguei-te. Expliquei-te. Reduzi-te às tuas verdadeiras proporções - e tu não existias! Atormentaste-me e fizeste-me sofrer mesmo quando já compreendera que não existias. E agora mesmo, quando o universo é outro universo, ainda te escarniças sobre mim como um fantasma.
Escusas de te rir - TU NÃO EXISTES. Dependias da morte e o que eu tinha na realidade era medo. Talvez medo para depois da morte - medo da minha alma em frente da minha alma, medo de aparecer nu e com pústulas diante do que é eterno. Carreguei-me como um fardo inútil. Põe-me a questão, põe-me todas as questões que quiseres. Tenho diante de mim este mundo e esta voragem, este mundo e o nada. Não te metas de permeio, já que não tens razão de ser. Seria mistificação sobre mistificação. Não me atrever agora é o absurdo. Porque, consciência, o que me importa é a parte interior - é a verdade sós a sós comigo, fechado a sete chaves, e essa é temerosa. Não tentes iludir-me. Não podes mentir a ti mesmo [...] Agora sim - agora estou livre e atrevo-me. Para sempre livre da morte e livre do tempo, calco-te aos pés. Nenhuma sujeição. Nenhum temor, nenhum fantasma. Sem escrúpulos! Uma força entre forças e mais nada. O mundo pertence-me. Pertence-me e olho-o cara a cara sem desviar o olhar. Sou a única força consciente, sem palavras que me diminuam, nem escrúpulos que me contenham...
Agora fala! Aproveita o minuto único, a infâmia, o enxurro, o sabor a fel e lágrimas da vida, ou enfileira-te, se podes, no estúpido rebanho, e reentra na vida quotidiana, feita de pequeninas regras e interesses...
por nuno . 1:24 da tarde 1 portões
terça-feira, janeiro 24, 2006
I'm glad you came...
To rose-lipped maidens.
There was a very young girlfrom Denmark...
who took passage on a steamerbound for Suez.
There was a storm...
off Morocco...
and she was washed ashore...
onto a beach.
Onto a white beach.
Onto a beach so,so white...
I'd like to do that.
- Will that hurt?
- No.
If you say anything now,I'll believe it...
por nuno . 8:18 da tarde 1 portões
quarta-feira, janeiro 18, 2006
Surpreende-me o estrangular dos lábios quando te olho…
manhã a contra luz suspensa pelo teu quarto,
qualquer temor nocturno,
ontem esquecida a janela entreaberta…
a nossa urgência pelo chão…
quando te olho assim e todo o teu corpo pesa esse adeus,
sei que o silêncio estará profundamente em conseguir
outro passo sem olhar para trás…
o teu rosto inclinado…
e procuro pelas tuas rugas o desespero de uma virtude,
estreitar-te pelas mãos em tudo quanto de ti
seja mais que uma impressão…
o teu rosto naufragado na possibilidade de um incenso…
surpreende-me a fragilidade desse aroma em que te desarrumas,
encostado a uma serigrafia de flores…
a serenidade da tua geografia,
cúmplice na ferocidade que entre os teus braços dos mapas
arrebata essa distância…
por nuno . 10:23 da tarde 0 portões
Lyrics by Antony and the Johnsons Fistful of Love
Cover I am a Bird Now
I've got my heart Here in my hands now
I've been searching For my wings some time
I'M GONNA BE BORN INTO SOON THE SKY...
por nuno . 3:29 da tarde 0 portões
sexta-feira, janeiro 13, 2006
IF TRAVELLING IS SEARCHING
and home what's been found I'm not stopping I'm going hunting
I'm the hunter
I'll bring back the goods But I don't know when
I thought I could organize freedom
How Scandinavian of me You sussed it out didn't you? You could smell it
So you left me on my own
To complete the mission Now leave it all behind
I'm going hunting
I'm the hunter
I'm the hunter
I'm going hunting I'm the hunter I'm the hunter I'm the hunter
por nuno . 9:22 da manhã 0 portões
terça-feira, janeiro 10, 2006
Um beijo em lábios é que se demora
e tremem no abrir-se a dentes línguas tão penetrantes quanto línguas podem.Mais beijo é mais. É boca aberta hiante para de encher-se ao que se mova nela.
É dentes se apertando delicados.É língua que na boca se agitando irá de um corpo inteiro descobrir o gosto e sobretudo o que se oculta em sombras e nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja quanto de lábios se deseja.
JORGE DE SENA
por nuno . 6:59 da tarde 3 portões
segunda-feira, janeiro 09, 2006
Melt me down
por nuno . 8:56 da tarde 0 portões
Your Cloud
where the river cross
crosses the lake where the words jump off my pen and into your pages do you think just like that you can divide this
you as yours me as mine to before we were us
if the rain has to separate from itself does it say "pick out your cloud?"
pick out your cloud
if there is a horizontal line that runs from the map off your body straight
through the land shooting up right through my heart
"pick out your cloud"
TORI AMOS
por nuno . 8:49 da tarde 1 portões
terça-feira, janeiro 03, 2006
Eu corpo assim assinado
no traço rasurado de uma imagem
possível acaso
ilegível a manhã reconhecidos os quadros
há ainda os teus acrílicos azuis
nos céus despenhados que os meus olhos
não contêm...
Corpo agora murmura o irreconhecível
ao agitar dos relógios
cambaleando o tempo
enrolados os cabelos
toda a velha sombra se debruça
às varandas do teu gesto proibido
e parte confusa nas gôndolas da memória...
Eu corpo assim
desfeito pelo contar dos dedos
o momento
aceno dos desencontros
há que entender que também as mãos
se acendem pelas secretas noites
onde nos perdemos
e nos guiam pelas margens
a todos os lugares nenhuns...
por nuno . 1:27 da manhã 1 portões
quinta-feira, dezembro 29, 2005
Esquecer-te foi apenas afinal
Passo a passo
A estranheza do Inverno…
por nuno . 9:40 da tarde 0 portões